top of page
  • TikTok
  • Youtube
  • Deezer
  • Spotify
  • Instagram
Buscar

O Caminho do Autorrespeito


introdução


Quando a gente começa a estudar o autoconhecimento, sempre chega uma hora em que aparece um dilema natural: a diferença entre a teoria e a prática. Isso não é só com autoconhecimento, acontece com qualquer assunto. Você pode estudar dieta, por exemplo. Saber tudo sobre alimentação saudável, saber que precisa comer melhor, beber mais água, dormir bem… mas na prática, continua pulando o café da manhã, exagerando no doce e virando a noite no celular. Ou seja: entender o conceito é uma coisa, mas colocar em prática é outra.


No autoconhecimento é a mesma coisa. Você começa a descobrir coisas importantes sobre você, percebe pontos que precisa mudar, vê claramente o que faria sua vida melhorar. Só que muitas vezes a mudança não acontece. É como se você dissesse pra si mesmo: “Eu sei o que preciso fazer, mas não tenho coragem” ou “eu até quero, mas não sei como”.


É justamente aí que entra o autorrespeito. Porque a partir do momento em que você entende um caminho mais funcional, mais saudável, mais verdadeiro, continuar agindo contra isso se torna um desrespeito consigo mesmo. O autorrespeito é esse ponto de virada: quando não dá mais pra fingir que não sabe, quando não dá mais pra se enganar.


Por isso é tão importante estudar o autorrespeito. Ele é a ponte que ajuda a sair da teoria e entrar na prática. E pra gente se aprofundar nesse tema, o primeiro passo é entender o que significa, de fato, respeito.



Quem respeita não obedece, colabora


Existe uma diferença muito grande entre obedecer e respeitar. Obedecer, no sentido comum, é simplesmente seguir uma regra porque alguém disse que é assim. Muitas vezes, obediência é automática, sem reflexão, quase no piloto automático. Já o respeito envolve consciência. Quem respeita não faz porque “mandaram”, mas porque compreende o sentido daquilo.


Um bom exemplo está nas leis de trânsito. Respeitar as leis de trânsito não significa ser um obediente cego, preocupado apenas em não levar multa. Quem pensa assim, na verdade, está agindo por medo da punição, não por respeito. Agora, quando você entende que aquelas regras existem para proteger sua vida e a vida dos outros, pois organizar esse excesso de carros pelas avenidas no dia dia é extremamente difícil, aí sim você está respeitando. É uma escolha consciente.


Se eu decido ultrapassar o limite de velocidade porque “quero chegar mais rápido”, talvez até consiga ganhar alguns minutos. Mas qual é o preço disso? Coloco a minha vida em risco, coloco a vida dos outros em risco, aumento as chances de acidentes. Então, respeitar a regra não é uma limitação: é uma forma de colaboração. Eu colaboro com o fluxo, com a segurança, com a convivência.


Quem respeita, colabora. E essa é a grande diferença. A obediência muitas vezes é cega e até infantil, no sentido de fazer apenas porque alguém mandou. Já o respeito é maduro, consciente, participativo. Quando você respeita, você não está apenas cumprindo; você está se tornando parte ativa de um funcionamento coletivo que, no final, é mais eficiente para todos.


Respeito é a base de qualquer relação. Pode ser relacionamento entre pessoas, pode ser a forma como a gente se relaciona com a natureza, ou até mesmo com os objetos que usamos no dia a dia. Sem respeito, não existe convivência saudável, não existe equilíbrio.


Quando falo que o respeito é a base, não é no sentido de “limite” — como se fosse uma proibição: “ah, não posso fazer isso porque tenho que respeitar”. Não. Respeitar é entender. É compreender a natureza das coisas, perceber como elas funcionam, para então se posicionar de forma mais consciente.


Pensa na natureza. Se alguém decide atravessar um rio ou enfrentar uma ventania sem considerar a força que está em jogo, pode acabar em tragédia. Se você resolve cortar uma árvore sem respeitar o que ela representa naquele espaço, pode causar um desequilíbrio enorme. Respeitar é reconhecer que existe uma força maior, e que ela precisa ser considerada antes de agir.


No dia a dia também é assim. Quando você pilota um carro ou uma moto, respeitar significa reconhecer a potência que aquele veículo tem. Não é medo, não é limitação: é consciência de que, se você não souber lidar, pode se machucar ou machucar alguém.


E com as pessoas, não é diferente. Respeitar alguém é entender como ela funciona. É perceber que não dá pra falar com todo mundo do mesmo jeito, que cada pessoa tem seus costumes, valores, sua forma de ver o mundo. Quando eu respeito isso, eu ajusto a minha forma de me relacionar para que exista convivência, e não atrito.


Na prática, se a gente não aprende a respeitar, até pode conseguir alguma coisa de imediato, mas dificilmente vai ser eficiente a longo prazo. O desrespeito sempre cobra seu preço.


Na etimologia, respeito vem do latim respectus, que significa “olhar para trás”, “considerar de novo”. Respeitar é justamente isso: parar, reconsiderar, olhar com calma antes de agir. E essa já é uma capacidade de quem tem um nível de consciência mais desenvolvido. Não dá pra esperar muito respeito de alguém que ainda não consegue lidar nem com suas próprias emoções ou não tem clareza sobre si mesmo. Mas à medida que a pessoa vai se conhecendo, ela vai adquirindo essa habilidade de reconsiderar, de reavaliar suas atitudes, pensamentos e escolhas.


Respeitar, no fundo, é isso: é saber olhar de novo antes de agir.



Quando começa o autorrespeito


Como falamos anteriormente, o respeito é a base de qualquer relação. E o autorrespeito começa a surgir quando você decide estabelecer um relacionamento consigo mesmo, ou seja, quando entra na prática do autoconhecimento.


Enquanto estamos no modo sobrevivência, ou seja, sem preocupação em criar um ambiente interno saudável, reavaliar emoções ou considerar nossos sentimentos, o autorrespeito ainda não faz sentido. Nesse estágio, agimos de forma reativa: comemos porque sentimos fome, trabalhamos porque precisamos ou porque alguém nos pressiona, cumprimos tarefas simplesmente para sobreviver. Se você está nesse modo, ideias sobre autorrespeito podem parecer distantes ou até irrelevantes, porque ainda não existe uma consciência sobre responsabilidades internas ou sobre o cuidado com sua própria alma.


O autorrespeito começa a se tornar importante quando você percebe que a vida não é só sobre atender desejos momentâneos ou cumprir tarefas obrigatórias. Ele surge quando você entende que é responsável pelo seu autoconhecimento, pelas suas necessidades reais — físicas, emocionais, sociais e espirituais — e passa a dar importância a elas. É nesse momento que se torna necessário se respeitar: reconhecer o que é realmente importante para você, considerar isso nas suas escolhas e decisões, e reavaliar constantemente suas atitudes.



O que é autorrespeito na prática


Se autorrespeitar na prática significa conhecer o que é importante para você e considerar isso nas suas decisões. Não é apenas saber, de forma teórica, que algo faz sentido; é colocar esse conhecimento em ação. É olhar para trás, reconsiderar suas atitudes e escolhas, e agir de forma que respeite suas próprias necessidades e valores.


Autorrespeito não é fazer só o que dá vontade. É responsabilidade consigo mesmo. É reconhecer que, quando você toma decisões alinhadas com o que realmente importa para você, está respeitando sua própria vida, sua integridade e sua alma. É transformar o conhecimento de si em prática consciente, assim como respeitar o trânsito, a natureza ou as pessoas: não por obrigação, mas por compreensão e colaboração — neste caso, colaboração consigo mesmo.



Autorrespeitar é se considerar


Autorrespeitar é, antes de tudo, se considerar. É procurar se entender, se observar com paciência, perceber seus próprios processos, seu ritmo de aprendizado, e respeitar o tempo que você precisa para lidar com cada situação. Autorrespeito é conhecer a si mesmo e entender o que faz sentido para você — não apenas na mente, mas de verdade, no que toca sua alma e sua experiência concreta.


Na prática, isso significa que o que todo mundo faz pode não ser o melhor para você. Antes de desenvolver essa consciência, você simplesmente seguia o caminho mais fácil, o que os outros indicavam ou o que parecia conveniente. Agora, você pode escolher um caminho mais longo ou sinuoso, porque ele faz sentido para você, mesmo que aos olhos do mundo pareça ineficiente. É como fazer uma viagem: escolher a estrada mais longa só para contemplar uma vista especial, mesmo que demore mais para chegar. O autorrespeito é essa atenção ao que realmente importa para você, mesmo que vá contra expectativas externas.


Seguir a direção da sua alma significa priorizar o seu caminho, e não o caminho mais rápido ou o mais aceito socialmente. Cada pessoa tem seu jeito, suas necessidades, e é isso que torna a vida plural e bonita. Você sabe que está se respeitando quando o convívio consigo mesmo é agradável. Se você percebe que está se desagradando, se forçando, se autocobrando demais, ou sendo intolerância consigo mesmo, esses são sinais claros de autodesrespeito.


Outros sinais de desrespeito consigo mesmo podem aparecer assim:

• Você tem dificuldade de ficar sozinho, se encarar e se conviver.

• Começa a cair em antigos vícios ou hábitos autodestrutivos.

• Perde o ritmo da vida e a sensação de prazer nas pequenas coisas.

• Sente-se constantemente ansioso, impaciente ou frustrado com seu próprio progresso.


Isso acontece porque estar consigo mesmo passa a se tornar insuportável. Como o respeito é a base de qualquer relacionamento, quando você perde essa base dentro de você, não sobra apoio interno. Então, automaticamente, você começa a buscar apoio no externo. É daí que surgem essas dificuldades: você precisa de cada vez mais distração, mais televisão, mais podcasts, mais redes sociais, mais informação,… sempre mais. Tudo isso porque você já começou a seguir o externo em vez de seguir o interno. E, no fundo, é exatamente por isso que esses sinais são sinais de desrespeito: você está tentando encontrar fora o que deveria encontrar em você.


Quando você está no respeito, mesmo que suas escolhas sejam mais difíceis ou pareçam “erradas” para outros, você sente prazer em estar consigo mesmo. Você percebe que, lá no fundo, está bem, mesmo que externamente as circunstâncias não estejam perfeitas. Esse bem-estar interno é o grande indicador de que você está se autorrespeitando.


Outro exemplo disso é: você recusa algo que é bom para os outros, mas não para você — um convite, uma tarefa, uma sugestão de mudança — e sentir que fez a escolha certa. É desconfortável às vezes, porque a mente coletiva te pressiona ou porque alguém próximo discorda. Mas se, ao se recolher, você sente satisfação e leveza, isso mostra que está alinhado com sua própria essência.


Autorrespeitar, portanto, é se colocar como prioridade na sua vida sem deixar de considerar o mundo, mas reconhecendo que o caminho que faz sentido para você nem sempre será o caminho mais curto, mais rápido ou mais aceito socialmente. É se ouvir, se cuidar, se observar, e aprender a conviver bem consigo mesmo.



Construindo o respeito próprio


Pegar leve consigo é um sinal de respeito. Então, se ao longo dessa leitura você foi percebendo que tem se desrespeitado em várias situações, isso não pode virar mais uma forma de desrespeito contra você mesmo. Olha que loucura: a gente lê, se identifica, e aí já começa a se cobrar, a se punir, a se violentar internamente. E não é isso. O senso comum entende respeito como algo que se impõe, como algo que se arranca na marra. Mas não: se você precisa impor respeito, é porque você já não o tem. E, muitas vezes, quando não somos respeitados por fora, é um reflexo de que, por dentro, estamos nos desrespeitando.


Respeito não é violência, respeito é colaboração. É olhar para o seu ritmo, para o seu processo, e aceitar: você fez o que fez porque ainda não sabia fazer melhor. E está tudo bem. Isso não quer dizer que você deve ser conivente, mas que deve aprender a se responsabilizar pelas mudanças que precisa fazer, dentro do tempo que elas realmente pedem. Respeito tem a ver com isso: respeitar o seu tempo, o seu ritmo, sem cair no mimimi de “já que não dá para mudar tudo agora, então não faço nada”. Não! É olhar, reavaliar, cuidar. Levar o tempo que precisar, mas sem se abandonar.


Isso é respeito por si: respeitar a chama da vida que se manifesta em você, essa energia que sempre quer o melhor. Considerar você, respeitar você, mesmo sabendo que não dá conta de tudo agora. Porque o respeito verdadeiro é esse: entrar no seu processo de autoconhecimento com calma, com leveza, e entender que não é sobre pressa, é sobre conquista. Aos poucos, você vai ganhando espaços internos que antes pareciam impossíveis.


No fim das contas, autorrespeito é isso: ir se conquistando. Não porque alguém exigiu, não porque você se cobrou, mas porque você se respeitou. Você sabe que ainda existem aspectos que te atrapalham, mas você tem um plano, você está dando atenção. E essa já é a maior prova de respeito. Autorrespeito é condição, não pressão. É um paradoxo, mas é lindo: eu só consigo me melhorar quando não me desrespeito no processo.


Se você se respeita dessa forma, você tem o meu Respeito

Marcel Walbert

 
 
 

Comentários


© 2025 Marcel Walbert 

CNPJ: 116525780001-49

Av. Gal Ataliba Leonel 3117 - Parada Inglesa - São Paulo

bottom of page